Ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor.

Quinta-feira, 31 de Agosto de 2023

21ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I)

Leituras:

1Ts 3,7-13

Sl 89(90),3-4.12-13.14 e 17 (R. 14)

Mt 24,42-51

EVANGELHO

Ficai preparados!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 24,42-51

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 42 “Ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43 Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. 45 Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? 46 Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar. 47 Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens.48 Mas, se o empregado mau pensar: ‘Meu senhor está demorando’, 49 e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; 50 então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. 51 Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”. Palavra da Salvação.

Reflexão

Se fosse possível saber a hora exata em que o Senhor chegará o empregado poderia se dar ao luxo de de relaxar e ocupar o tempo que resta como lhe conviesse. Mas, como essa chegada é desconhecida, então, o que resta é não ser pego desprevenido. Somente quem não se importa com o momento da vinda o Senhor é que pode se permitir a tranquilidade de não viver tensionado por essa espera. E isso se dá apenas com quem está pronto, prevenido. Seria tão bom se todos estivessem prontos a ponto de estar tranquilos. Mas, o fato é que estamos sempre distraídos com nossas coisas e as coisas de Deus ficam sempre pra depois. O que Jesus diz não visa nos fazer viver como pessoas desesperadas, como se Deus fosse nosso inimigo, ou como se gostasse de se esconder. O que Ele propõe é que não nos embriaguemos nas nossas vidas com os prazeres e os poderes, mas vivamos com o coração no Céu. Não é nada contrário ao que nossa natureza pede. No fundo, as coisas do mundo não nos satisfazem. Por isso, devemos buscar nosso conforto em Deus, vivendo nesse mundo, sem nos alienarmos de nossa história, mas também sem perder a consciência de que tudo passa e de que nosso destino é a eternidade.

D. Rogério

Vós construís sepulcros para os profetas.

Quarta-feira, 30 de Agosto de 2023

21ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I)

Leituras:

1Ts 2,9-13

Sl 138(139),7-8.9-10.11-12ab (R. 1a)

Mt 23,27-32

EVANGELHO

Sois filhos daqueles que mataram os profetas.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,27-32

Naquele tempo, disse Jesus: 27 “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28 Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29 Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30 e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31 Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32 Completai, pois, a medida de vossos pais!” Palavra da Salvação.

Reflexão

Construtores de túmulos dos profetas! Não é um elogio. Cultuar a morte daqueles que trouxeram a palavra de Deus não significa que se deu atenção à pregação que fizeram. Parece que somos impulsionados a cultuar os mortos e exaltar os feitos de quem já morreu. Mas, infelizmente, com os vivos temos muitas dificuldades. Eles parecem nossos concorrentes. Às vezes parece que todo mundo que morreu se torna bom automaticamente, pelo menos no discurso de quem fica. Construir os túmulos e fazer elogios aos mortos não significa que tenhamos dado atenção à obra de quem estamos homenageando. É assim com os santos! Talvez a devoção que tanto apregoamos não se realize na prática, porque não somos capazes de amar e imitar as virtudes do santo de nossa devoção. Não somente isso. Até quando falamos de Jesus. Seu nome está propagado por toda parte e todo mundo parece se sentir meio dono de sua história. Não por acaso, muitas pessoas, em nome de Jesus, pregam e defendem coisas que Ele jamais apreciaria. Como é que alguém pode, por exemplo, pregar o ódio em nome de Jesus. Somente se a pessoa esquecer ou não ligar para o fato de que Ele morreu pedindo ao Pai que perdoasse os seus agressores. Para sustentar certos discursos seria preciso arrancar a página do Sermão da Montanha do Evangelho de São Mateus. Para pregar o enfrentamento e a violência seria preciso arrancar as páginas dos quatro evangelhos que narram a sua Paixão e morte. Para alguém apresentar, em nome de Jesus, um relativismo moral alternativo aos costumes e à vida familiar, seria necessário não ler mais as questões trazidas a Jesus pelos mestres da Lei a respeito do Divórcio e, especialmente, a resposta de Jesus. Enfim, fazer elogios a Jesus não significa aderir à sua pregação. Falarmos condolentes de sua trágica e amorosa Paixão não significa, necessariamente que, se estivéssemos vivendo naqueles seus dias, não estaríamos também nós pleiteando sua crucifixão. Enfim, é preciso tomar cuidado com a cal que enfeita nossos túmulos e simulacros sociais, para que não estejamos enfeitando nosso exterior e mantendo nosso interior imundo. É preciso ter cuidado com nossos julgamentos. Não é sábio condenar nem canonizar alguém antes que esse alguém feche os olhos. É sabedoria viver como quem está na presença de Deus e se deixa perscrutar por Ele, como quem não se abala com as opções de nossos irmãos, como quem não se deixa levar pelos movimentos e ondas de massa que, ora rejeitam uma coisa, ora a colocam como modelo. E assim fazem também com as pessoas. O Evangelho é meta segura para encontrar os valores da nossa vida. E a presença de Deus, no seu infinito incomparável, nos leva à consciência de nossa pequenez, de seu amor, e do amor que devemos aos nossos irmãos, por causa Dele.

D. Rogério

O rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João.

Terça-feira, 29 de Agosto de 2023

Martírio de São João Batista, Memória

21ª Semana do Tempo Comum

Leituras (próprias):

Jr 1,17-19

Sl 70(71),1-2.3-4a.5-6ab.15ab e 17 (R. 15a)

Mc 6,17-29

EVANGELHO

“Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,17-29

Naquele tempo, 17 Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18 João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19 Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21 Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23 E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24 Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25 E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26 O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27 Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28 trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29 Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram. Palavra da Salvação.

Reflexão

A cabeça de João Batista se tornou um estranho troféu para uma moça confusa, que não sabia o que pedir, após uma dança sedutora, e sua mãe ardilosa, que pretendia perseverar no seu adultério e calar a voz de quem a denunciava. O problema daquela mulher e do seu cunhado, com quem se unira ilicitamente, era a cabeça daquele homem. Ele não era um guerreiro. Seus braços e pernas não a ameaçavam. O coração dele, muito menos. Ela não se importava com sua religião e sua pregação audaciosa. Mas aquela cabeça expunha a lógica do certo e do errado. Aquela boca pronunciava palavras irrefutáveis. Ela, então, o calaria arrancando-lhe o que a incomodava. Herodes sentia o mesmo, mas aquela cabeça o desconcertava. João teve a mesma sorte que, mais tarde, teria Paulo, em Roma. Seria um prenúncio, talvez, de alguém que, como ele, haveria de semear a Palavra e colocar a inteligência a serviço da Verdade, fazendo-o com a sabedoria que vem de Deus e não dos homens. João tinha conseguido falar com os lábios e com a vida. Sua coerência era mais sábia do que seus argumentos. E seu amor à verdade produziu nele a humildade para proclamar que ele era só uma voz no deserto. Porém, esse mesmo amor à verdade também o tornou destemido e incapaz de trair aquilo em que acreditava e a missão que lhe fora confiada. João Batista, o maior entre os nascidos de mulher, um grande profeta. João nutriria tanta afinidade com o Messias que chegou a ser confundido com Ele. Mas, João conhecia o seu lugar. E estava feliz com isso. Seus discípulos, ao saberem de sua morte, foram buscar o corpo para sepultá-lo. Ele não passaria pela vergonha de ficar insepulto. Sua morte não tinha nada de desonroso. Pelo contrário! Se para Herodiádes, a cabeça de João Batista se tornou um troféu, para os discípulos de João toda a vida de João Batista seria o seu prêmio, e estava representada no seu corpo. Ambos os troféus, a cabeça e o corpo, continuariam ressonando uma mensagem que faria as consciências se revelarem. Quando ele nasceu, depois de uma gestação misteriosa, as pessoas se perguntariam o que viria a ser aquele menino. No anúncio do Arcanjo Gabriel a seu pai, Zacarias, foi lhe dito que o seu filho seria grande na presença do Senhor, que ele nunca beberia vinho nem bebida fermentada e, ainda no ventre de sua mãe, ficaria cheio do Espírito Santo, que faria muitos israelitas voltarem para o Senhor, seu Deus, e iria à frente do Senhor, com o espírito e poder de Elias, para reconduzir o coração dos pais aos filhos, e os rebeldes à sensatez, para preparar um povo bem-disposto para o Senhor. E tuudo isso se cumpriu verdadeiramente, desde o berço, até a morte!

D. Rogério

O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?

Segunda-feira, 28 de Agosto de 2023

Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja, Memória

21ª Semana do Tempo Comum

Leituras:

1Ts 1,1-5.8b-10

Sl 149,1-2.3-4.5-6a e 9b (R. 4a)

Mt 23,13-22

EVANGELHO

Ai de vós, guias cegos!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,13-22

Naquele tempo, disse Jesus: 13 “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós, porém, não entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam. 15 Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando o conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós. 16 Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!’ 17 Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? 18 Vós dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!’ 19 Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20 Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21 E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. 22 E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”. Palavra da Salvação.

Reflexão

Jesus disse que daria a chave dos Reino dos Céus a Pedro, que confessou a fé de que Ele era o Filho de Deus. Aqui Jesus critica os fariseus e mestres da Lei porque fecharam as portas do Reino dos Céus, não entrando e não deixando os outros entrarem. Assim, como administradores se tornaram infiéis. Jesus também confiou à Igreja a missa de ser administradora dos santos mistérios da salvação e espera que ela seja fiel. Confiou em cada um dos que chamou para serem pastores e espera que eles não deixem o seu rebanho perecer. Na prática, não é difícil se apoderar daquilo que se administra e tornar-se um porteiro que não abre ou um mestre que manipula o conhecimento ao seu bel prazer. O primeiro sinal disso é que a arrogância e a prepotência facilmente criam asas. Um mestre que se esquece de que não sabe tudo já começou a apoderar-se do conhecimento e, em breve, estará manipulando a consciência de seus discípulos. Um administrador que começa a submeter o serviço que deve prestar às pessoas aos seus interesses e conveniência é porque já se apoderou dos dons que recebeu para comunicar e, quando menos esperar, estará tentando dominar as pessoas através dos benefícios que pode negar, dos malefícios que pode impor e dos presentes que pode receber. Não somos melhores do que os fariseus e mestres da Lei do tempo de Jesus. Por isso a repreensão e exortação que faz para eles serve também a nós. Nunca podemos nos esquecer de que um só é o Senhor. E de que todos nós somos servos inúteis.

D. Rogério

Eu te darei as chaves do Reino dos Céus.

Domingo, 27 de Agosto de 2023

21º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Hoje, omite-se a Memória de Santa Mônica

Leituras:

Is 22,19-23

Sl 137(138),1-2a.2bc-3.6.8bc (R. 8bc)

Rm 11,33-36

Mt 16,13-20

EVANGELHO

Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20

Naquele tempo, 13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e aí perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso, eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. 20 Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. Palavra da Salvação.

Reflexão

Há duas imagens importantes nessa passagem: a pedra e a chave. Duas figuras aparentemente contrárias. A pedra, imóvel, estática, dura, aparentemente inútil. A chave, elaborada com perfeição, útil, necessária, móvel. Mas, a pedra serve a coisas importantes também. Jesus falaria, em outro momento, da casa construída sobre a rocha, em contraposição à casa construída sobre a areia. Jacó havia utilizado uma pedra como travesseiro, quando fugia de Esaú e, cansado adormeceu e sonhou com o Céu aberto e uma escada entre o Céu e a terra, onde os anjos podiam subir e descer. Ao acordar, deu o nome de Betel (casa de Deus) àquela cidade, pegou aquela pedra e a ungiu e transformou num altar, dizendo que ali era a casa de Deus, a porta do Céu. Jesus diria a Pedro que era uma pedra na qual repousaria a sua Igreja, e que receberia a chave do Céu, para abrir e fechar. Seria um privilégio concedido a Pedro? Não! Seguramente, não! Na sequência dessa história Jesus diria a Pedro que ele era uma pedra de tropeço para Ele, e o chamaria de Satanás. A questão que provocou toda essa missão confiada a Pedro vinha da resposta que ele acabara de dar: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus explicou que essa resposta não vinha da pessoa de Pedro, mas da inspiração que lhe dera o Pai do Céu. Mas, assim mesmo, Jesus entendeu que Pedro poderia ser portador do conhecimento de sua identidade. Nessa fé proclamada por Pedro a Igreja seria invencível e as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela. A pessoa de Pedro não contava tanto, mas a sua fé era imprescindível. A fé girava em torno de uma questão personalíssima: Quem é Jesus? Pedro não é “ninguém”! Mas, Deus lhe revelou quem é Jesus. Ele é o Filho do Deus vivo. Quem sabe isso, mesmo não sendo “ninguém”, pode servir como pedra para repousar a Igreja, ou para ser um altar de adoração a Deus. Pode ser a pedra que fecha a porta do inferno. Pode guardar a chave que abre o Céu.

D. Rogério

Não deixeis que vos chamem de guias.

Sábado, 26 de Agosto de 2023

20ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I)

Leituras:

Rt 2,1-3.8-11;4,13-17

Sl 127(128),1-2.3.4-5(R. 4)

Mt 23,1-12

EVANGELHO

Eles falam e não praticam.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,1-12

Naquele tempo, 1 Jesus falou às multidões e a seus discípulos: 2 “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6 Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7 Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8 Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9 Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11 Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12 Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”. Palavra da Salvação.

Reflexão

Devemos guiar nossos irmãos. Mas, não devemos aceitar a denominação de guias e menos ainda nos atribuirmos esse nome. Assim como Jesus diz para seguir as palavras dos fariseus e mestres da lei, sem contudo, seguir seus exemplos. Assim também nós, e todos os que pretendem servir a Deus, devemos nos empenhar mais em dar o exemplo do que em apenas ensinar. O Papa São Paulo VI escreveu na encíclica Evangelii Nuntiandi que o mundo de hoje ouve mais as testemunhas do que os mestres e se ouve os mestres é porque também são testemunhas. Entre nós e Deus não pode existir nada de obstáculo. E todo mundo que pretende ser um mestre na terra não pode se colocar como alternativa a Deus. É necessário ser um verdadeiro instrumento, um meio, e nunca o beneficiário dessa mediação. Talvez tenhamos duas grandes tarefas, como aconteceu com João Batista. A primeira, falar do Messias; a segunda, dizer ao mundo que nós não somos o Messias. Por isso, Jesus disse em outra passagem: Brilhe a vossa luz do meio dos homens, para que eles, vendo vossa boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus! Portanto, o grande conteúdo de nossa mensagem não dizer quem é Deus, mas dizer o que Deus fez por nós. Deus não é uma teoria para ser explicada, mas uma experiência a ser dividida com os irmãos. Apesar disso, Jesus não nega o valor do ensinamento dos mestres. Ele disse à multidão e aos discípulos que os fariseus e mestres da lei realmente tinham autoridade para interpretar a lei, por isso era preciso fazer o que eles ensinavam. Assim, existe mesmo uma verdade a ser conhecida, um conteúdo a ser ensinado, uma salvação a ser transmitida. Não existe no lugar no evangelho de Cristo para essa ideia que prevalece hoje de que tudo é relativo, de que Deus não tem nenhum propósito com o ser humano, de que não existe uma conduta moral a ser ensinada. O que o Papa Bento XVI dizia sobre a atual ditadura do relativismo não pode nos atingir. Existe um chamado de Deus para o homem, para a conversão e para a verdade. Nós cristãos também somos portadores dessa mensagem e desse evangelho. E não podemos nos furtar a essa missão, que não é facultativa para o cristão. Por isso, São Paulo dizia: Ai de mim se não evangelizar! Mas, o que não podemos nos esquecer é de que somos “portadores” e não “donos” daquilo que levamos aos outros em nome de Deus.

D. Rogério

NOTA DA CNBB sobre a DESCRIMINALIZAÇÃO DO USO DE DROGAS

Brasília- DF, 21 de agosto de 2023
Caros irmãos no Episcopado,
Tendo em vista os inúmeros pedidos de manifestação da CNBB sobre o andamento da
votação da liberação do porte de drogas para o consumo próprio, no STF (Recurso Extraordinário 635659 sobre a Lei 11.343/2006), reiteramos a posição da Conferência, já manifestada na Nota sobre a descriminalização do uso de drogas de 26 de agosto de 2015. A previsão é que a votação seja retomada no STF, nesta semana. Sendo assim, enviamos novamente a Nota da CNBB, de 2015, para que possa ser relembrada e divulgada para todos os que solicitarem a posição da Igreja sobre o assunto. Junto a esta Nota da CNBB, enviamos também um vídeo, reforçando este posicionamento da Conferência. Pedimos a colaboração na divulgação deste conteúdo em todo o território de sua (Arq) Diocese e contatos.
Vídeo: https://youtu.be/qVdgODDPPQA
Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre
Presidente da CNBB
Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Goiânia
1º Vice-Presidente da CNBB
Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo de Olinda e Recife
2º Vice-Presidente da CNB
Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

Nota da CNBB sobre a descriminalização do uso de drogas
P- Nº. 0581/15
“Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes” (Dt 30,19).
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, através do Conselho Episcopal de Pastoral, reunido nos dias 25 e 26 de agosto, declara-se contrária à descriminalização do uso de drogas. É importante a sociedade inteirar-se desta temática, pois a dependência química representa um dos grandes problemas de saúde pública e de segurança no Brasil. O uso indevido de drogas interfere gravemente na estrutura familiar e social. Está entre as causas de inúmeras doenças, de invalidez física e mental, de afastamento da vida social. A dependência que atinge, especialmente, os adolescentes e os jovens, é fator gerador da violência social, provoca no usuário alteração de consciência e de comportamento. O consumo e o tráfico de drogas são apontados como causa da maioria dos atentados contra a vida. A não punibilidade do porte de drogas, tendo como argumento a preservação da liberdade da pessoa, poderá agravar o problema da dependência química, escravidão que hoje alcança números alarmantes. A liberação do consumo de drogas facilitará a circulação dos entorpecentes. Haverá mais produtos à disposição, legalizando uma cadeia de tráfico e de comércio, sem estrutura jurídica para controlá-la. O artigo 28 da Lei 11.343, ao tratar do tema, não prevê reclusão, mas a penalização com adoção de medidas de reinserção social. Constata-se que o encarceramento em massa não tem sido eficaz. É preciso desenvolver a prática da justiça restaurativa. Isso não significa menor rigor para aqueles que lucram com as drogas. O caminho mais exigente e eficaz, a longo prazo, é a intensificação de campanhas de prevenção e combate ao uso das drogas, acompanhado de políticas públicas nos campos da educação, do emprego, da cultura, do esporte e do lazer para a juventude e a família. O Estado seja mais eficaz nas ações de combate ao tráfico de drogas. Com a descriminalização das drogas, a crescente demanda de tratamento da parte de incontáveis dependentes aumentaria muito. A Igreja Católica, outras instituições religiosas e particulares, por meio de casas terapêuticas, demonstram o compromisso com a superação da dependência química e recuperação dos vínculos familiares e sociais ao acolher, cuidar e dar oportunidade de vida nova a milhares de adolescentes, jovens e adultos através da espiritualidade, do trabalho e da vida de comunidade. Confiantes na graça misericordiosa de Deus e na materna proteção da Virgem de Aparecida, conclamamos o Estado e o povo brasileiro à necessária lucidez no trato deste tema tão grave para a sociedade.
Brasília, 26 de agosto de 2015.
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF – Secretário-Geral da CNBB

Vídeo reforçando posicionamento:  https://youtu.be/qVdgODDPPQA

Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.

Sexta-feira, 25 de Agosto de 2023

20ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I)

Leituras:

Rt 1,1.3-6.14b-16.22

Sl 145(146),5-6.7.8-9a.9bc-10 (R. 2a)

Mt 22,34-40

EVANGELHO

Amarás o Senhor teu Deus, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,34-40

Naquele tempo, 34 os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus respondeu: “‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”. Palavra da Salvação

Reflexão

Os fariseus quiseram experimentar Jesus. Souberam que ele tinha feito calar os saduceus, então, quiseram expor suas questões mais polêmicas. No meio de tantos mandamentos, provenientes das tradições que foram sendo acrescentadas, eles se perdiam e se perguntavam sobre o que importava mais. Também nós precisamos fazer questionamentos assim, porque se descuidarmos, podemos desperdiçar nossas energias naquilo que importa menos. O que é que mais agrada a Deus? É uma boa pergunta. O que é que eu devo fazer nesse momento determinado, nesse instante presente? É também a nossa dúvida. Jesus indica que existem parâmetros para nos inspirarem e fazerem entender o que devemos fazer em cada momento: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Em outras palavras, o mandamento é o amor. E o destinatário de nosso amor é, antes de tudo, Deus. E, por causa dele, amar tudo o que Ele criou, amando especialmente aquele que Ele criou como imagem e semelhança sua; o ser humano. E qual ser humano deve ser objeto de nossa atenção em cada momento? O nosso próximo. Se todo mundo amasse o próximo, ninguém ficaria sem amor. Se estamos no mundo, num tempo presente, e num lugar determinado, e se isso corresponde à vida que está sendo vivida, então, o nosso próximo é a ocasião e a oportunidade de amarmos. Isto é, de amar a Deus através do irmão que encontramos. Não é só questão de religião. É sabedoria humana. Por isso, até quem não sabe nada sobre Deus também pode entender do que se trata. Se isso é verdade, o que não dizer dos religiosos? Dos que conhecem Deus? Dos que foram apresentados a Jesus Cristo e que também desejam experimentá-lo?

D. Rogério