Vós construís sepulcros para os profetas.

Quarta-feira, 30 de Agosto de 2023

21ª Semana do Tempo Comum, Ano Ímpar (I)

Leituras:

1Ts 2,9-13

Sl 138(139),7-8.9-10.11-12ab (R. 1a)

Mt 23,27-32

EVANGELHO

Sois filhos daqueles que mataram os profetas.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,27-32

Naquele tempo, disse Jesus: 27 “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28 Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29 Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30 e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31 Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32 Completai, pois, a medida de vossos pais!” Palavra da Salvação.

Reflexão

Construtores de túmulos dos profetas! Não é um elogio. Cultuar a morte daqueles que trouxeram a palavra de Deus não significa que se deu atenção à pregação que fizeram. Parece que somos impulsionados a cultuar os mortos e exaltar os feitos de quem já morreu. Mas, infelizmente, com os vivos temos muitas dificuldades. Eles parecem nossos concorrentes. Às vezes parece que todo mundo que morreu se torna bom automaticamente, pelo menos no discurso de quem fica. Construir os túmulos e fazer elogios aos mortos não significa que tenhamos dado atenção à obra de quem estamos homenageando. É assim com os santos! Talvez a devoção que tanto apregoamos não se realize na prática, porque não somos capazes de amar e imitar as virtudes do santo de nossa devoção. Não somente isso. Até quando falamos de Jesus. Seu nome está propagado por toda parte e todo mundo parece se sentir meio dono de sua história. Não por acaso, muitas pessoas, em nome de Jesus, pregam e defendem coisas que Ele jamais apreciaria. Como é que alguém pode, por exemplo, pregar o ódio em nome de Jesus. Somente se a pessoa esquecer ou não ligar para o fato de que Ele morreu pedindo ao Pai que perdoasse os seus agressores. Para sustentar certos discursos seria preciso arrancar a página do Sermão da Montanha do Evangelho de São Mateus. Para pregar o enfrentamento e a violência seria preciso arrancar as páginas dos quatro evangelhos que narram a sua Paixão e morte. Para alguém apresentar, em nome de Jesus, um relativismo moral alternativo aos costumes e à vida familiar, seria necessário não ler mais as questões trazidas a Jesus pelos mestres da Lei a respeito do Divórcio e, especialmente, a resposta de Jesus. Enfim, fazer elogios a Jesus não significa aderir à sua pregação. Falarmos condolentes de sua trágica e amorosa Paixão não significa, necessariamente que, se estivéssemos vivendo naqueles seus dias, não estaríamos também nós pleiteando sua crucifixão. Enfim, é preciso tomar cuidado com a cal que enfeita nossos túmulos e simulacros sociais, para que não estejamos enfeitando nosso exterior e mantendo nosso interior imundo. É preciso ter cuidado com nossos julgamentos. Não é sábio condenar nem canonizar alguém antes que esse alguém feche os olhos. É sabedoria viver como quem está na presença de Deus e se deixa perscrutar por Ele, como quem não se abala com as opções de nossos irmãos, como quem não se deixa levar pelos movimentos e ondas de massa que, ora rejeitam uma coisa, ora a colocam como modelo. E assim fazem também com as pessoas. O Evangelho é meta segura para encontrar os valores da nossa vida. E a presença de Deus, no seu infinito incomparável, nos leva à consciência de nossa pequenez, de seu amor, e do amor que devemos aos nossos irmãos, por causa Dele.

D. Rogério

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