A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más.

Quarta-feira, 19 de Abril de 2023

2ª Semana da Páscoa

Leituras:

At 5,17-26

Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 7a)

Jo 3,16-21

EVANGELHO

Deus enviou seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo por Ele.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo segundo São João 3,16-21

16 Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19 Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20 Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21 Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus. Palavra da Salvação.

Reflexão

Vivemos num tempo em que as pessoas parecem preferir a alienação do que o protagonismo. Porque não é fácil tomar decisão. E não há decisão sem perdas. Quem não crê no Filho de Deus já está condenado, porque não crê no Filho unigênito. Dizer que alguém está condenado parece proibido hoje. Mas não se trata de receber uma sentença de condenação. Trata-se de rejeitar quem nos pode salvar. Ninguém pode encontrar o bem se obstinadamente se encaminha para o mal. O problema maior é que quem pratica o mal, passa a odiar a luz. Prefere as trevas. Ele precisa se libertar. Mas, para isso, ele precisa assumir que errou e buscar a correção. O ser humano é incapaz de salvar-se por si mesmo. Não há inteligência artificial ou algoritmo capaz de resolver a vida humana. A inteligência entende, mas não cria. E, também não restaura. Só Deus, que criou o ser humano, é capaz de salvá-lo, de recuperá-lo e de renovar a Criação. Por mais imersos que estejamos em nossa autonomia e em nossa tecnologia. O ser humano precisa de mais do que isso. O Verbo Encarnado é a luz que torna ao ser humano possível iluminar suas obras e sua vida.

D. Rogério

Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas?

Terça-feira, 18 de Abril de 2023

2ª Semana da Páscoa

Leituras:

At 4,32-37

Sl 92(93),1ab.1c-2.5 (R. 1a)

Jo 3,7b-15

EVANGELHO

Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3,7b-15

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 7b “Vós deveis nascer do alto. 8 O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”. 9 Nicodemos perguntou: “Como é que isso pode acontecer?” 10 Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas? 11 Em verdade, em verdade te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12 Se não acreditais, quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos falar das coisas do céu? 13 E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”. Palavra da Salvação.

Reflexão

Um mestre pode saber o que não precisa saber. Pode lhe faltar o que realmente interessa. Daí, então, seria de se perguntar se sendo mestre ele ignora aquilo que devia saber. No caso de Nicodemos, Jesus lhe dissera que era preciso nascer de novo pelo Espírito e que isso acontece pela força do próprio Espírito e não pela nossa. E Nicodemos perguntou como isso acontece. Ora, um mestre não apenas deve saber alguma coisa, mas também deve ter consciência do quanto ignora. Deve ter noção de seus limites. Um verdadeiro mestre não pretende ser dono da verdade. No fundo, ele se reconhece como um servo da verdade. Um homem forte não conhece apenas a própria força, mas entende um pouco mais sua fraqueza. Uma pessoa de valor não é apenas aquela que realiza as coisas. Mas é também aquela que é capaz de reconhecer o valor dos outros. Para sermos capazes de saber alguma coisa sobre Deus é preciso conhecermos o quanto somos pequenos, limitados e dependentes. O Espírito Santo sopra onde quer e nós não sabemos o que Ele faz. Nosso modo de o conhecermos e nos beneficiarmos de sua ação é nos deixarmos levar por Ele. Jesus, embora fosse Deus, como Verbo Encarnado, praticou essa entrega. No fundo, temos medo de nos entregarmos a Deus como convém. Nicodemos era um pequeno mestre, que foi capaz de querer saber um pouco mais sobre Jesus. Sabemos que se tornou um seguidor de Jesus. Ele será mencionado no relato da Paixão. Será para cada um de nós uma verdadeira graça entrarmos na dinâmica do Espírito Santo, que é o grande Dom do Pai e do Filho.

D. Rogério

Ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele.

Segunda-feira, 17 de Abril de 2023

2ª Semana da Páscoa

Leituras:

At 4,23-31

Sl 2,1-3.4-6.7-9 (R. cf. 12d)

Jo 3,1-8

EVANGELHO

Se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3,1-8

1 Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos, 2 que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. 3 Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. 4 Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?” 5 Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus”. 6 Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito. 7 Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. 8 O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”. Palavra da Salvação.

Reflexão

Nascer de novo do ventre de sua mãe não é possível. E Jesus sequer menciona isto. Ele fala de nascer do Espírito. De fato, nós, seres humanos, não podemos começar tudo de novo a partir do zero, mas podemos começar a partir do ponto em que estamos. Não é possível recomeçar a nossa vida, mas é imprescindível renová-la. Todos os dias, de manhã, quando nos levantamos, temos a oportunidade de renovar nossos propósitos e retomar nossas convicções. Por isso, seria tão interessante que a noite cumprisse uma função de ser a hora da reflexão e do exame de consciência. A cada dia, antes de dormirmos, temos diante de nós o dia que tivemos. Deveríamos pensar sobre ele. Já no outro dia, pela manhã, seria a ocasião de retomarmos nossa fé para podermos enfrentar o dia que começa. A manhã de cada dia poderia ser o momento da meditação, onde deveríamos nos esforçarmos para iluminar o caminho que estamos para retomar. Talvez por isso, o anúncio do túmulo vazio, primeiro sinal da Ressurreição, tenha se dado ainda de madrugada, no primeiro dia da semana. Já o momento da tarde, no anoitecer, é recordado pelos discípulos de Emaús, tão desanimados e tomando o caminho de volta para casa, para o passado, para trás. Depois de serem tocados pela presença de Jesus, resolver retomar o caminho para a frente, para o futuro. E fazem da noite o tempo do caminho, para reencontrar os discípulos, seus irmãos, em um novo amanhecer. E deles ouvir que o Senhor tinha ressuscitado e aparecido a Pedro. A ressurreição de Jesus não é a volta para a vida humana no corpo, cheia de limitações. Trata-se, na verdade, de uma progressão no ser ser. Ressuscitamos para Deus, para viver no Espírito. É por isso que acreditamos que é possível nascer de novo. E é por isso que Jesus afirma a Nicodemos que é preciso nascer de novo para ver o Reino.

D. Rogério

Bem-aventurados os que creram sem terem visto!

Domingo, 16 de Abril de 2023

DOMINGO NA OITAVA DA PÁSCOA Domingo da Divina Misericórdia, Ano A

2ª Semana da Páscoa

EVANGELHO

Oito dias depois, Jesus entrou.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-31

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20 Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 2 Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22 E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. 24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. 26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. 27 Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” 30 Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31 Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. Palavra da Salvação.

Reflexão

Há duas falas no Evangelho que representam situações indeterminadas. A primeira: “Seu eu não vir a marca dos pregos… não acreditarei”. A segunda: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto”. Ambas apontam para uma condição: ver para crer, ou, crer para ver. Mas uma impõe uma condição para outro cumprir. A outra assegura pessoalmente e antecipadamente uma realização para aqueles que tiverem cumprido. Numa um desfio para a fé. Noutra, um prêmio para quem tiver acreditado. Na primeira, um veredito antecipado, na segunda, uma promessa a ser realizada. Tomé quer submeter Deus. Jesus quer servir o ser humano que se abre para Deus. O fato é que Jesus responde com o cumprimento da condição imposta por Tomé e, ao mesmo tempo, lhe mostra a inutilidade e a infelicidade de querer submeter Deus à prova. Tomé não é menor que os outros discípulos. Ninguém ali demonstrou a fé de quem crê sem ter visto. Mas, Tomé teve essa oportunidade e não a aproveitou. Talvez sua ausência junto aos discípulos e sua relutância em acreditar não viessem de uma atitude arrogante. Talvez ele se envergonhasse, porque Jesus tinha sido entregue, condenado e morto e nenhum deles tinha feito nada para impedir isso. Talvez Tomé não se sentisse digno de reencontrar o Mestre, ou até preferisse que não fosse verdade, para não ter de olhar para Jesus e relembrar a sua omissão. Mas era preciso que os discípulos entendessem que Jesus não os tinha rejeitado, que apesar de ter sido abandonado por todos, Ele não os tinha abandonado. E que não cobraria deles o que não fizeram. Apenas esperaria que fossem capazes de crer Nele, e de aceitar a palavra daqueles que o tinham visto. Faltou isso a Tomé! Às vezes falta também a cada um de nós.

D. Rogério

É o Senhor!

Sexta-feira, 14 de Abril de 2023

OITAVA DA PÁSCOA

Leituras:

At 4,1-12

Sl 117(118),1-2 e 4.22-24.25-27a (R. 22)

Jo 21,1-14

EVANGELHO

Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 21,1-14

Naquele tempo, 1 Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3 Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4 Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5 Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6 Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7 Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8 Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9 Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10 Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11 Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12 Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13 Jesus aproximou- se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14 Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Palavra da Salvação.

Reflexão

O Evangelho de João já tinha concluído sua narração, no capítulo 20, contando duas aparições de Jesus aos discípulos: Uma no entardecer daquele mesmo dia, o primeiro da semana, quando Jesus entrou com as portas fechadas e, oferecendo-lhes a paz, soprou sobre eles para que recebessem o Espírito Santo; e outra quando, oito dias depois apareceu-lhes novamente, quando Tomé estava presente, para dizer-lhe que são felizes os que creram sem ter visto. Então João termina o Evangelho dizendo que Jesus fez muitas outras coisas que não estão no livro, mas essas foram escritas para que se creia que Ele era o Filho de Deus e, crendo se tenha a vida. Agora João retoma a história, no capítulo 21, para contar a pesca de Pedro e mais 6 discípulos, com Jesus à margem, sucedida de uma refeição à praia, e depois um diálogo com Pedro sobre se este amava Jesus. Nesse trecho, vemos uma contraposição entre Pedro e o discípulo amado, conforme já estava presente quando foram ao túmulo a pedido de Maria Madalena. É o discípulo amado quem reconhece que era o Senhor, mas é Pedro quem toma a iniciativa de atirar-se na água para ir ao encontro de Jesus. Duas coisas muito importantes: reconhecer o Senhor e ir ao seu encontro. Parece que as duas ações se completam. Os dois discípulos agem como se fosse uma só pessoa. Podemos ver nisso a unidade da Igreja e o papel comunitário dos discípulos de Jesus. Já a pesca recorda que, sem Jesus, nenhum esforço tem sucesso. Ouvindo a palavra de Jesus a pesca se torna plena (153 peixes). O sucesso da pesca, atendendo à Palavra de Jesus, expressa a missão da Igreja, realizada de maneira universal, somente possível com o auxílio do mestre. Os esforços humanos são sempre insuficientes. Na refeição, que por um lado, deveria se fazer a partir dos peixes trazidos pelos discípulos, mas que na verdade já estava preparada quando eles chegaram à praia, se demonstra que é Deus quem toma a iniciativa de reunir o seu povo, embora conte também com os esforços insuficientes dos discípulos. De uma certa maneira, podemos nos ver nesse gesto da pesca frustrada, enriquecida e potencializada pela Palavra de Jesus, e nesse encontro e refeição que nos permitem reconhecer o Mestre e Senhor, e onde não são necessárias palavras para manifestar nossa alegria, apenas a presença e o convívio com o Senhor.

D. Rogério

Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!

Quinta-feira, 13 de Abril de 2023

OITAVA DA PÁSCOA

Leituras:

At 3,11-26

Sl 8,2a e 5.6-7.8-9 (R. 2ab)

Lc 24,35-48

EVANGELHO

Assim está escrito: o Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 24,35-48

Naquele tempo, 35 os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36 Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37 Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38 Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39 Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40 E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele o tomou e comeu diante deles. 44 Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45 Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46 e lhes disse: “Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47 e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sereis testemunhas de tudo isso”. Palavra da Salvação.

Reflexão

A alegria também pode inibir a capacidade de ver a realidade. Por isso, os discípulos, tão alegres e surpresos, não podiam acreditar que estavam diante de Jesus Ressuscitado. Ele, então, veio em socorro dessa incapacidade, mostrando-lhes as mãos e os pés e pedindo-lhes alguma coisa para comer. Depois, Jesus veio em socorro da incompreensão dos discípulos explicando-lhes tudo o que falava sobre Ele na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos e abrindo-lhes a inteligência para entenderem as Escrituras. Mas a questão maior é a superação das preocupações e das dúvidas do coração. Foi o primeiro questionamento de Jesus: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração?” Para essa dificuldade, as chagas de Jesus foram o conforto e encorajamento que Jesus lhes ofereceu. O mais importante para os discípulos não era apenas ver o Cristo Ressuscitado, mas o que contava mesmo era reconhecê-lo. Em outras palavras, o que importava era compreender o que Ele afirmava: “Sou eu mesmo!”

D. Rogério

Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía.

Quarta-feira, 12 de Abril de 2023

OITAVA DA PÁSCOA

Leituras:

At 3,1-10

Sl 104(105),1-2.3-4.6-7.8-9 (R. 3b)

Lc 24,13-35

EVANGELHO

Reconheceram-no ao partir o pão.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 24,13-35

13 Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14 Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17 Então Jesus perguntou: “O que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18 e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?” 19 Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20 Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23 e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”. 25 Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26 Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” 27 E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. 28 Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29 Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. 30 Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. 31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32 Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” 33 Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze reunidos com os outros. 34 E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. Palavra da Salvação.

Reflexão

Sentados à mesa, tudo se esclareceu. Como era possível que conversassem com Jesus, falando dele, encantando-se com suas palavras, sem contudo, compreenderem que falavam com Ele? Parecia que uma névoa lhes bloqueava a visão. Estavam tão imersos na decepção, na dor e na morte, que tudo parecia perdido. E nada parecia capaz de mudar-lhes a ideia. Mas um simples gesto acabou mudando tudo. Seus olhos se abriram quando Ele tomou o pão, abençoou, partiu e lhes entregou. É de se considerar que, quando chegaram de volta a Jerusalém, contaram aos outros discípulos como o tinham reconhecido partindo o pão. Que grandeza de significados estaria escondida naquele gesto de partir o pão? Só podemos pensar que aquele gesto de Jesus tornara-se um distintivo dele. A multiplicação dos pães, a última ceia… Pode-se entender, então, porque aquele gesto seria também um distintivo dos seus discípulos. É possível entender porque, ao longo de mais de vinte séculos, os cristãos se reuniriam, sempre no primeiro dia da semana, para se colocarem à mesa e repetir o que Jesus fez, na multiplicação dos pães, na última ceia, no caminho de Emaús, etc..

D. Rogério

Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando.

Terça-feira, 11 de Abril de 2023

OITAVA DA PÁSCOA

Leituras:

At 2,36-41

Sl 32(33),4-5.18-19.20 e 22 (R. 5b)

Jo 20,11-18

EVANGELHO

“Eu vi o Senhor!”; e eis o que ele me disse.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,11-18

Naquele tempo, 11 Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12 Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14 Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”. 16 Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabuni” (que quer dizer: Mestre). 17 Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18 Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”, e contou o que Jesus lhe tinha dito. Palavra da Salvação.

Reflexão

Choramos por muitas coisas nesta vida. Nem sempre choramos por Deus. São Francisco de Assis, conforme consta de sua história, muitas vezes chorava a Paixão de Jesus. Maria Madalena chorava a morte de Jesus e também chorava pelo túmulo vazio. A incompreensão tomou conta dela e seu zelo pelo Mestre não deixava outa possibilidade a não ser o pranto. Mas, a pergunta de Jesus não representa uma repreensão a Maria. Apenas provoca sua reflexão: “Mulher, por que choras?” E ela, embora sem compreender, não está confusa sobre o seu sentimento. Ela já tinha dito aos anjos: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. Agora, pensando que era o jardineiro, diz a Jesus: “Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu irei buscar”. Sua intenção é certa. Ela deseja reverenciar o corpo de seu Senhor. Foi por isso que tinha ido de madrugada ao túmulo. Mas a resposta de Jesus a faz esquecer do túmulo. O pronunciar de seu nome abre a perspectiva para uma vida nova. E o seu anúncio e envio preenche o seu retorno para os discípulos. Sua nova situação e nova mensagem é o que sai dizendo aos discípulos: “Eu vi o Senhor”. Maria não fez nenhuma conjectura ou teoria para explicar o túmulo do Senhor vazio. Apenas saiu transmitindo sua experiência pessoal: “Eu vi o Senhor!”

D. Rogério